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Academia homenageia as “facetas” de Carlos Paredes
Exposição itinerária e espetáculo multifacetado. São estes os dois principais desafios que os organizadores das comemorações do centenário do nascimento de Carlos Paredes na academia de Coimbra se propõem realizar.
«Queremos mostrar o seu legado como artista multifacetado e não apenas como músico», refere o vice-presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), José Machado. Com as celebrações a decorrerem durante o restante ano, mas já passado o aniversário de Carlos Paredes, o objetivo será levar a comemoração até fevereiro de 2026.
Estas diferentes iniciativas são «ambiciosas» e serão reveladas no decorrer das próximas semanas sendo, até agora, possível saber que está programada uma exposição itinerária (que estreará em Coimbra e se deslocará para outras universidades portuguesas) e um espetáculo que junta as várias disciplinas que caracterizam Carlos Paredes, como a música, teatro, vida política e cinema.
Carlos Magalhães, presidente da DG/AAC, afirma que uma das razões de levar a cabo um ano de atividades é para promover a pessoa que foi e torná--la uma figura mais reconhecível. «Constatamos que as pessoas conhecem a obra de Carlos Paredes, mas não a associam à sua figura. Queremos ajudar a mudar essa realidade».
Várias valências
Diogo Ferreira, presidente da Secção de Fado da AAC (SF/AAC), destaca que a academia coimbrã tem «muito a agradecer» ao nome mais associado à guitarra de Coimbra, instrumento que «conheceu no berço». «No planeamento das atividades sentimos que os mais jovens não conhecem a pessoa de Carlos Paredes», ressalva, adiantando que está previsto levar as celebrações para «fora da academia», mencionando que a comissão organizadora espera ter a oportunidade de levar a cabo atividades em escolas secundárias do município e, ainda, a nível nacional.
A Secção de Fado foi, também, convidada para participar nas celebrações nacionais deste centenário, mas Diogo considera que, por vezes, é difícil mostrar a «profundidade» dos homenageados em «atividades gerais», destacando o relevo das iniciativas previstas junto dos mais jovens e da própria cidade como um dos pontos fulcrais para o sucesso formativo das comemorações.
Como uma referência no teatro, o Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC) e o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) não hesitaram em ajudar na organização, relembrando o seu contributo. Bruna Marques, atual presidente do CITAC, refere que é importante que quem contacta com Coimbra possa entender os seus «símbolos associados», destacando a força artística como uma “ferramenta” de ensino cultural.
Rita Morais, tesoureira e representante do TEUC, afirma que é fácil entrar nos arquivos que mencionam Carlos Paredes, mas que o difícil é «descodificar as suas mensagens para um público que nasceu após a sua morte», afirmando que esse será o trabalho desta comissão organizadora.
Foi, ainda, apresentada uma placa em honra de Carlos Paredes, afixada no edíficio sede da Associação Académica de Coimbra
Ambição europeia para comemorações coimbrãs
A organização das celebrações tem como objetivo principal instruir as pessoas naquilo que Carlos Paredes representou na cultura e na política portuguesa, mas a ambição da academia coimbrã não termina por aí. «Estender-se à Europa», é este o desejo dos intervenientes para o projeto que vai ocupar o ano corrente e o início de 2026.
Criar um espetáculo e uma exposição com capacidade de ir além-fronteiras e visitar as universidades europeias será o prémio mais cobiçado por esta comissão, que já procura a melhor forma de, em apenas uma hora e meia, reunir todas as vertentes de Carlos Paredes. O sucesso nacional e o interesse por parte das entidades formadoras europeias vai ditar o seu futuro.