ULS de Coimbra faz intervenção pioneira na Península Ibérica

A Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra anunciou ontem que a Unidade de Intervenção Cardiovascular (UNIC) do Serviço de Cardiologia foi pioneira na Península Ibérica na implantação de «um sistema inovador de pré-stenting e válvula pulmonar percutânea», tendo tratado com sucesso três doentes com cardiopatia congénita nos dias 12 e 13 deste mês.
Em comunicado, a ULS de Coimbra informou que nos utentes, três homens com idades de 23, 47 e 55 anos, foram implantados dispositivos (sistema pré-stenting Alterra e válvula Sapiens 3) que permitem «expandir o tratamento minimamente invasivo de cardiopatias congénitas para os doentes com anatomias de maiores dimensões, até agora apenas abordáveis por cirurgia cardíaca convencional».
A nota enviada ao nosso jornal esclarece que o procedimento consiste «numa implantação minimamente invasiva, através da veia femoral, de um sistema de substituição da válvula pulmonar». «A primeira parte, inovadora, tem como objetivo modificar a região da válvula pulmonar original, através da implantação de um sistema de ancoragem estável, stent metálico, de baixo calibre, que é autoexpansível na posição pulmonar. Desta forma, é possível adaptar a anatomia do doente para permitir a implantação de uma válvula percutânea. De seguida, durante o mes­mo procedimento, é implantada uma válvula miniaturizada, biológica, expansível por balão», explica Lino Gonçalves, diretor do Serviço de Cardiologia, referindo que «o procedimento demora cerca de uma hora e permite alta médica no dia seguinte».
O comunicado indica que os doentes operados têm insuficiência grave da válvula pulmonar, como consequência de vários tipos de cardiopatia congénita, mais frequentemente tetralogia de Fallot. «A longo pra­zo, a insuficiência da válvula pulmonar provoca sinais e sintomas de insuficiência cardíaca, dilatação do coração direito, arritmias ventriculares, disfunção sistólica ventricular direita e esquerda. A substituição precoce da válvula pulmonar tem efeitos benéficos ao atrasar e/ou evitar estas consequências», diz o especialista, frisando que a grande mais-valia deste procedimento, em relação ao que já se fazia, prende-se com o facto de estes doentes tratados «não poderem ser alvos de tratamento percutâneo, apenas tratamento cirúrgico convencional, porque a sua anatomia não permitia uma ancoragem estável de uma prótese percutânea.
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da ULS de Coimbra afirma que estas intervenções, «as primeiras deste tipo no país e na Península Ibérica, representam um passo importante na Intervenção Cardiovascular em Portugal e são mais uma evidência da capacidade de inovação do SNS em Coimbra, da excelência da nossa equipa e um exemplo da aplicação prática da nossa missão de prestar cuidados de saúde integrados, de elevada qualidade e centrados nas pessoas», sublinhando Alexandre Lourenço que o Serviço de Cardiologia é, «há muitos anos, mais um excelente exemplo da excelência única do Serviço Nacional de Saúde».
Os procedimentos foram realizados pelos cardiologistas Manuel Santos, Luís Paiva, Patrícia Silva e José Martins, as anestesistas Ana Vieira e Cláudia Carreira, e técnicos e enfermeiros da UNIC, sob o apoio do Serviço de Cirurgia Cardíaca da ULS de Coimbra.|