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Berrelhas deixa de fazer transporte de passageiros em Viseu a partir de sábado
A Berrelhas avisou hoje que deixará de assegurar o serviço público de transporte de passageiros Mobilidade Urbana de Viseu (MUV) a partir de sábado, por estar a ter um prejuízo mensal de 146 mil euros.
A empresa de camionagem assegura este serviço ao abrigo de um contrato de concessão celebrado com a Câmara de Viseu, liderada pelo social-democrata Fernando Ruas.
Em comunicado, a Berrelhas disse que se viu “forçada a tomar esta decisão considerando que o contrato de concessão atualmente em execução é altamente deficitário” e explicou que tem de suportar “mensalmente, e tendo por referência o ano de 2024, o prejuízo médio de 146 mil euros”.
“No período compreendido entre 01 de janeiro de 2024 e 31 de janeiro de 2025, suportou esta empresa o prejuízo total de 1.897.000 euros, o qual não será objeto de qualquer ressarcimento”, lamentou.
A autarquia informou os jornalistas que só hoje de manhã recebeu a comunicação da Berrelhas, que está “a ser analisada pelos serviços técnicos competentes, aguardando a administração as conclusões”.
A empresa contou que, em 2023, foi constituída uma comissão paritária “que concluiu pela necessidade de alteração do contrato de concessão”, atendendo aos “prejuízos mensalmente acumulados”.
Em maio de 2024, a autarquia propôs à Berrelhas a revogação do contrato em vigor e “a celebração de contrato de prestação de serviços por ajuste direto, tendo por base critério material, para a execução dos serviços de transporte correspondentes”, acrescentou.
Segundo a Berrelhas, esta proposta foi “prontamente aceite” e ficou a aguardar “o envio do prometido acordo revogatório e do convite e respetivo caderno de encargos” que levasse à celebração do contrato de prestação de serviços, o que só veio a acontecer no dia 07 de fevereiro, “e após muita insistência por parte desta empresa”.
Depois de analisar o caderno de encargos, a empresa de camionagem concluiu que, por um lado, ficaria obrigada a fazer um investimento “superior a 500 mil euros, no âmbito de contrato com duração nunca superior a dois anos”. Por outro lado, seria impossível a “transição para a fase de execução contratual enquanto não se tiverem por verificadas as novas condições técnicas exigidas no caderno de encargos”.
“Contrariamente ao definido, o convite dirigido a esta empresa determinaria a obrigação de manutenção da execução do serviço de transporte, por período de tempo não determinável, com a consequente manutenção da assunção do prejuízo mensal daí resultante”, criticou.
Neste âmbito, a Berrelhas disse não ter outra alternativa a não ser deixar de assegurar o serviço.