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“Santuários” vão ajudar a aumentar a lampreia na bacia do rio Mondego

Recuperação da população de lampreia é um tema debatido há vários anos. A intervenção que se inicia em 2025 só dará realmente “frutos” no futuro, mas é necessário agir o quanto antes para reduzir os danos

«Será um processo longo e que necessita de paciência e continuidade». Foi desta forma que Álvaro Coimbra, presidente da Câmara Municipal de Penacova (CMP) iniciou a apresentação do plano de recuperação da lampreia marinha na bacia do rio Mondego. O projeto junta esforços da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIMRC) e da Universidade de Évora, e conta com o apoio de vários municípios e, ainda, fundos monetários europeus.

A escassez de lampreia no rio Mondego, e no território nacional, não é uma novidade, sendo um tema debatido em várias regiões, com destaque para algumas abrangidas na bacia hidrológica mondeguina pela tradição gastronómica da iguaria. Mesmo como dado adquirido, o trabalho para proteger a espécie começou tarde e só entrará em vigor no decorrer do presente ano.

«Portugal tem uma tradição de ser um país reativo, que não se precave para determinadas situações», refere o investigador da Universidade de Évora e diretor do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), Pedro Almeida, que supervisionará a iniciativa. Na ótica do especialista existe, agora, uma necessidade de lutar contra a “maré” para combater ameaças aos «habitats, à pesca ilegal e sobrepesca e às alterações climáticas», que deveriam ter sido alvos de análise e intervenção prévia.

As respostas que serão implementadas correspondem ao sucesso de uma investigação rigorosa e ao sucesso de “experiências” passadas em estados dos Estados Unidos da América, com caraterísticas idênticas ao caso luso. «Numa primeira instância vamos fazer uma translocação de cerca de 500 a 1000 exemplares adultos para zonas “santuário”». Estas zonas “santuário” foram identificadas como

ideais para o desenvolvimento da fase larval, que dura cerca de cinco anos, e será uma intervenção anual. O modo de operação passará pela «compra diretamente ao pescador», que pode causar entraves porque o preço atual da lampreia «circula os 100 euros», ponde em causa o orçamento disponível para o projeto de 100 mil euros.

Após esta primeira parte, o restante do processo passa, na sua grande maioria, pela monitorização da espécie e do seu habitat, colmatado com ações de formação à população e de proteção do território. «Queremos que os pescadores comerciais entendam que este é um investimento a médio-longo prazo. Teremos de monitorizar a situação porque não queremos quebras em nenhuma parte do processo», assegura o Pedro Almeida, que refere ainda a futura entrega da localização dos “santuários” a autoridades responsáveis (como os municípios e a GNR) para proteção e fiscalização regular das áreas.

Num período de cerca de 10 anos, a passagem de lampreia pelo Açude-Ponte de Coimbra diminuiu de 80 mil para 2 mil

Santuários já identificados

As margens do rio Ceira foram mencionadas como locais de excelência escolhidos para a fase larval da lampreia, um estudo que traz implicações grandes para as alterações que se previam nesse local.

Pedro Almeida e Emílio Torrão, presidente da CIMRC, concordam que é necessária uma renovação nas suas margens, mas que não se pode realizar sem uma análise ambiental de excelência. «É preciso disciplina e consciencialização quando se analisam projetos que impliquem direta ou indiretamente a saúde da nossa fauna e flora. Não se pode fazer uma intervenção nos rios sem se ter em consideração o ambiente», analisa o presidente, Emílio Torrão.

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Álvaro Coimbra destacou a «força e entreajuda» intermunicipal para resolver este problema

Iniciativas europeias ajudam a lampreia

O problema da escassez em zonas hidrológicas é transversal a toda a Europa, e levantou questões por dificuldades na zona de Szigetszentmiklós, na Hungria, que é banhada pelo rio Danúbio.

A situação foi comparada a Portugal pelas alterações verificadas na qualidade da água que afastaram várias espécies de ambas as bacias. O estudo da evolução da situação húngara conseguiu dar uma base para que se entendesse melhor o declínio nos rios portugueses.

Para combater este retrocesso das espécies aquáticas a União Europeia (UE) criou algumas iniciativas, das quais Emílio Torrão, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIMRC), agradece o apoio. «O financiamento que conseguimos é comparticipado pelas iniciativas Danúbio e DALILA. Tenho de agradecer a estas entidades por acreditarem e confiarem no nosso projeto».

Para além do apoio financeiro, a UE prevê estar com «especial atenção» ao desenvolvimento das atividades em Portugal, que serão unicamente no rio Mondego, para que se replique o seu sucesso noutras bacias europeias.

Fevereiro 27, 2025 . 07:20

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