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Centro Interpretativo do Estado Novo em Santa Comba Dão é realidade
O presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão garantiu hoje que o Centro Interpretativo do Estado Novo (CIEN) é uma realidade e que, em junho, quer abrir a biblioteca em parceria com a Associação Cultural Ephemera.
“Finalmente, este projeto, que já teve tantas etiquetas e rótulos, encontra um caminho sem retorno. Apraz-me, nesse sentido, dizer que a autarquia encontrou na Associação Cultural Ephemera, na pessoa de José Pacheco Pereira, o parceiro ideal para levar a bom porto este empreendimento”, disse Leonel Gouveia.
O presidente falava no ato de assinatura de um protocolo de cooperação para a concretização do CIEN 1926 – 1974 Regime e Resistência entre o Município de Santa Comba Dão e a Associação Cultural Ephemera, com José Pacheco Pereira.
“Uma história feita de avanços e recuos. O CIEN, a instalar na Escola Cantina Salazar, será o que sempre pretendemos: um baluarte do conhecimento, da cultura, da educação e da história, que dará a conhecer toda uma época e a sua contextualização”, afirmou.
Leonel Gouveia evidenciou que este projeto “nunca foi, nem será um museu Salazar, um santuário de, e para, saudosistas”, uma vez que será “alicerçado em fortes bases científicas que servirá o conhecimento da história e a memória” de uma época do país.
“Pretendemos deixar um legado à nossa geração e às gerações futuras. Queremos mostrar-lhes a voz que emana nas diferentes memórias da ditadura, educando para a democracia e para a liberdade”, defendeu.
Isto, porque, “criar conhecimento, formar cidadãos informados e fomentar a investigação sobre a época do Estado Novo, estão entre os principais objetivos do centro” interpretativo.
O primeiro passo “está já em marcha” com a organização de uma biblioteca especializada sobre a época e a constituição de uma comissão científica que definirá, com base nos materiais existentes, as linhas gerais do conteúdo e do funcionamento” do projeto.
O CIEN ficará na Escola Cantina Salazar, na localidade do Vimieiro, terra natal de António Oliveira Salazar, que ele próprio mandou construir. Inaugurada em 1940, a escola, “por si só uma memória do regime”, foi também cantina e albergue.
Aos jornalistas presentes, o autarca admitiu que “gostava muito de a abrir ao público em junho”. Até lá, o Município e a Ephemera vão trabalhar em conjunto para definir a requalificação necessária e para colocar o acervo existente.
O protocolo define que a Ephemera assumirá com autonomia a direção e coordenação científica do projeto de criação e do funcionamento do CIEN 1926 – 1974 Regime e Resistência. O Município assumirá a logística funcional e os recursos do funcionamento e participará nas diferentes fases do projeto.
O presidente disse ainda que “a segurança do edifício e pátio está assegurada, atualmente com vigilantes e, em breve, através de câmaras”, para evitar eventuais reações, “que não devem acontecer”.