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Brasileira escolheu a Mealhada por causa do Carnaval
Quando se fala de escolas de samba e do número de desfilantes em cada corso, numa média de duas centenas por agremiação, a verdade é que estamos a falar de um número muito maior se se tiver em conta as gerações familiares e os grupos de amigos que se envolvem à volta do Carnaval da Mealhada. Este ano, o nosso jornal conheceu até quem, vindo do outro lado do oceano, tenha escolhido o concelho para viver por causa do Carnaval.
«A minha mãe chegou a Portugal há 20 anos, mas eu fiquei no Brasil, tinha dois anos de idade. Há três anos decidi vir para cá e fui viver com ela para Aveiro», começa por contar Ranny Passos, uma das carnavalescas da Real Imperatriz.
Num passeio por Estarreja em 2022, «ouvi a música dos 50 anos do Carnaval da Mealhada, julgo que numa atuação das quatro escolas e fiquei logo com uma grande curiosidade. Como a minha mãe já conhecia a Mealhada, um dia vim cá e percorri as quatro associações para saber o trabalho que faziam. A Imperatriz foi a última que visitei e foi amor à primeira vista, tendo desfilado pela escola logo em 2023», recorda.
«Foi um período muito desgastante, entre comboios e bicicleta, para conseguir vir de Aveiro para aqui todas as noites e conseguir ajudar», desvenda, recordando que o amor pela Real Imperatriz e o facto de ter conhecido a sua parceira (hoje esposa), na altura em outra escola de samba na Mealhada, «foi o mote para querer vir para aqui viver e trabalhar, o que acabou por acontecer na Pampilhosa».
Proveniente de Minas Gerais, no Brasil, Ranny Passos diz que «Carnaval a sério só o fiz na Mealhada. Lá havia trio elétrico e “maranha popular”, nada mais». «O Carnaval da Mealhada trouxe-me o amor, uma casa e uma família», enaltece.
É também nas escolas de samba que se encontra a dedicação de gerações de famílias. «A nossa escola caminha para os seus 47 anos e já vai na sua terceira geração. Neste momento, já temos mais do que um caso de avô e neta a desfilar pela escola», diz Pedro Castela, presidente da direção dos Sócios da Mangueira, afirmando que, no seu caso, foi levado por dois tios, hoje está na presidência e também a filha, de nove anos, desfila. «Temos muito orgulho neste legado e espero que o possamos garantir através da continuidade de muitas gerações», declara.
Hugo Idalécio, fundador dos Amigos da Tijuca há vinte anos, congratula-se pelo facto «de grande parte dos mirins (crianças) de hoje serem filhos precisamente daquele pessoal que fundou a escola». «O principal objetivo foi cumprido e vejo o futuro da escola graças a isto, porque as raízes, a alegria e o carinho estão cá, estão neles», congratula.