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As angústias do candidato

Março 13, 2025 . 14:34
Obviamente que o artigo de terça-feira de carnaval do presidente José Silva é não só revelador das preocupações que o atormentam mas também de uma certa angustia eleitoral

Na passada terça-feira de carnaval o Diário de Coimbra publicou um artigo de opinião da autoria do presidente da Câmara José Silva, com que este pretende responder a um anterior artigo da minha exclusiva responsabilidade, mas com um título mascarado: “As preocupações dos socialistas”. O dia foi particularmente bem escolhido.

Acusa-me, o presidente, de populista e demagógico, áreas em que é um insuperável catedrático. Basta relembrar o que foi a sua prestação, durante quatro anos, como vereador. Desde intervenções de stand-up comedy de mau gosto, à desconsideração e desrespeito para com os seus pares, até ao apelo aos motoristas dos SMTUC para fazerem greves, fez de tudo um pouco.
Tendo uma maioria absoluta na Câmara e contando, ainda, com a colaboração do vereador da CDU, está, agora, prestes a chegar ao fim do mandato a dizer que afinal o programa era para oito anos. Mais um argumento demagógico com que tenta esconder o fracasso de quatro anos da sua presidência.
Apresentou-se como um terrível adversário do governo, que, garantiu, não deixaria em paz enquanto não houvesse uma nova maternidade. Chegado ao fim do seu mandato, o que perdura são duas velhas maternidades e, hoje, o que subsiste é o seu silêncio acomodado.
Uma das primeiras decisões que tomou, de uma demagogia e de um populismo primários, foi a da venda da viatura afeta à presidência da Câmara com o objetivo, que propagou, de resolver problemas financeiros dos SMTUC e melhorar o seu funcionamento. Os resultados estão à vista.
Diz que sou demagógico por colocar em causa “o retorno económico dos concertos dos Coldplay”. Registe-se que nunca pus em causa a realização de concertos ou de outros espetáculos no estádio municipal, o que contesto e mantenho, é a decisão inaceitável da Câmara pagar diretamente e à cabeça 440 mil euros (dinheiros públicos) a empresários privados para a realização desses espetáculos. Espetáculos, pelos quais ganham milhões.
Para mais, o argumento de que haveria um retorno de 36 milhões de euros é uma absoluta falácia. Uma narrativa enganadora com que procura justificar o injustificável. O Sr. presidente sabe, melhor do que ninguém, que a parte de leão dos lucros dos concertos reverteu para os organizadores, que não são de Coimbra e nem têm aqui, nem na região centro, a sede social das suas empresas.
Este é processo exemplar quanto à forma como o atual executivo camarário entende a gestão dos dinheiros públicos municipais e a defesa dos interesses do Município. Não é uma brincadeira inocente e, por isso, importa que esclareça, com dados concretos e inquestionáveis, onde foram parar esses 36 milhões. Quem, na verdade, recebeu esse dinheiro.
A cultura e a qualidade de vida dos cidadãos de Coimbra, de que fala no seu artigo, são questões importantes que abordarei em futuros artigos, até porque há falta de cultura cívica, democrática e política da presidência da Câmara, que se interligam e que merecem ser devidamente abordadas.
Regista-se que o Sr. presidente, se esqueceu de esclarecer os motivos que o levaram a contratar, por mais de 24 mil euros, uma empresa de eventos com sede em Lisboa, para organizar a cerimónia de inicio da atividade da Casa da Cidadania da Língua.
Obviamente que o artigo de terça-feira de carnaval do presidente José Silva é não só revelador das preocupações que o atormentam mas também de uma certa angustia eleitoral, que, diga-se, têm fundadas razões de ser.

Março 13, 2025 . 14:34

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