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Tribunal de Coimbra começa a julgar mulher que se fazia passar por advogada

Homem de Tábua alegadamente lesado diz em julgamento que só quer o dinheiro que lhe entregou pensando que a arguida seria advogada e lhe trataria da escritura de um terreno. Mulher está acusada de burla qualificada e usurpação de funções

O homem de Tábua, que terá sido burlado por uma mulher que se fez passar por advogada, disse hoje ao Tribunal de Coimbra que só pretende a restituição do dinheiro entregue à arguida, que lhe foi apresentada pelo vizinho.

“Só quero ver isto resolvido, sempre trabalhei com honestidade. Isto não me sai da cabeça dia e noite”, sublinhou.

O Tribunal de Coimbra começou hoje a julgar uma mulher de 42 anos que está acusada de se fazer passar por advogada e de burlar um homem de Tábua em mais de 100 mil euros na escritura de um terreno.

A mulher, que trabalha atualmente como administrativa numa corretora de seguros, está acusada de um crime de burla qualificada e de um crime de usurpação de funções, que terão ocorrido em 2019.

Depois da defesa ter visto recusado o pedido de exclusão de publicidade do julgamento e da arguida se ter escusado a prestar declarações nesta fase inicial, o homem de 63 anos contou ao Tribunal de Coimbra que a arguida lhe foi apresentada por um vizinho, que conhecia há 40 ou 50 anos, e a quem “comprou um bocado de terra”.

A apresentação terá ocorrido em 2019, por altura da escritura do terreno, tendo-lhe sido dito que a arguida já tinha tratado da questão “de bens da parte de uma herança”, o que o levou a pedir que lhe tratasse de um lapso na escritura, que “não dava para corrigir no momento” e que tinha a ver com servidão de água.

“A advogada [referindo-se à arguida] ficou de tratar disso e, de vez em quando, eu ligava-lhe e ela dizia que estava a tratar”, acrescentou.

Ao Tribunal de Coimbra confirmou que a arguida lhe pediu e que lhe pagou 480 euros a 18 de março de 2019, seguindo-se a quantia de 750 euros já a 13 de julho de 2019.

“Depois falei-lhe na quinta de uma vizinha, que foi vendida, mas ninguém me perguntou se eu a queria. Passado dois dias telefonou-me de Lisboa, a confirmar que a venda da quinta foi feita por 25 mil euros”, indicou.

“Eu confiava nela, porque foi o meu vizinho que a apresentou e ele também confiava nela”

Segundo o homem de Tábua, a arguida ter-lhe-á pedido depois uma série de pagamentos para assegurar a compra da quinta, todos em 2019: 25 mil euros a 15 de julho, 408 euros a 18 de julho, mais 25 mil euros a 27 de agosto, 18.100 euros em outubro, seguindo-se 4.650 euros, 36.500 euros a 06 de novembro e mais 1.428 euros também no mesmo dia, num total de 112.316 euros.

Os pagamentos foram entregues em mão ou por transferência bancária para a arguida, bem como para a conta de um homem que disse ser seu colega, na sociedade de advogados.

“Eu confiava nela, porque foi o meu vizinho que a apresentou e ele também confiava nela”, alegou, acrescentando, no entanto, que a dada altura começou a desconfiar e que, por isso, contratou uma advogada que lhe disse que a arguida não era nem advogada nem estagiária.

Ao tribunal, o homem de Tábua explicou que a mulher já procedeu à restituição de alguns montantes: primeiro, 10 mil euros, depois, 6.500 euros e, por último, 50 mil euros, faltando ainda devolver cerca de 46 mil euros.

“Não pediu desculpa e disse que ia pagar, que estava a tratar de um empréstimo para me pagar, até hoje. Há cerca de um ano disse-me que tinha a vida encravada. Mas não resolve só se não quiser: que me pague o que me deve”, sustentou.

Nesta sessão de julgamento foram ainda ouvidas duas testemunhas, a primeira foi o homem que lhe terá apresentado a arguida, mas que mostrou grande dificuldade em responder a questões, por ser portador da doença de Alzheimer.

Seguiu-se a audição da filha daquela testemunha, que é também a companheira da arguida.

Ao Tribunal revelou que a arguida em 2019 era estudante do curso de Direito, que não chegou a terminar, e que, mais recentemente, teve conhecimento que a companheira era devedora dos valores em questão, mas que tinha a intenção de o restituir.

Admitiu ainda que chegou a ir com a arguida jogar em casinos.

A próxima sessão de julgamento ficou agendada para as 10h30 do dia 24 de março

Março 17, 2025 . 16:08

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