
Antigo treinador da Académica é candidato à ANTF
O antigo treinador de futebol Henrique Calisto confirmou hoje que é candidato à presidência de Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), procurando suceder a José Pereira, que lidera o órgão associativo de forma consecutiva desde 2013. O antigo técnico orientou a Briosa nas épocas de 1988/1989 e 1997/1998.
À margem do fórum da ANTF, que decorre no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos e finda hoje, Calisto, um dos membros fundadores do organismo, assumiu que irá apresentar uma lista aos órgãos sociais para o sufrágio previsto para o final de maio.
"Confirmo que sou candidato à presidência da ANTF. Estamos numa fase de preparação da lista e do projeto. A nossa lista tem como grande pilar a valorização do treinador e essa faz-se com informação e formação. Um dos grandes problemas que nós temos é a procura que há no acesso ao terceiro e quarto níveis. Até este ano, havia uma restrição muito forte em relação aos acessos aos cursos desses níveis", anunciou.
O ex-técnico deixou elogios ao atual líder, José Pereira, garantindo que não será uma "candidatura de rotura", mas assumiu ter diferentes visões face à atual gestão.
"Não é uma candidatura de rotura, porque os saberes alicerçam-se no que os nossos anteriores fizeram. O José Pereira é uma pessoa bem querida, fez o trabalho que podia fazer, com entrega total e é uma figura inesquecível na ANTF. Mas nós somos diferentes, o processo evolutivo é natural, temos conceções diferentes em relação a alguns temas", explicou.
Relativamente à constituição da sua lista, apenas confirmou que o nome de Professor Neca será o escolhido para a presidência da Assembleia Geral.
A concorrer contra André Reis, que era até então o único candidato oficializado, Henrique Calisto apresenta o alargamento das vagas do terceiro e quarto níveis dos cursos de treinador de futebol como prioritária, de forma a dar resposta à "grande procura" e contribuir para a "valorização da informação", perante uma oferta que considera insuficiente.
"Nós sabemos que há treinadores que não assinaram contrato com clubes estrangeiros, e mesmo aqui em Portugal, porque não tinham esse grau. Estamos a perder a implantação dos treinadores no estrangeiro, até adjuntos com o terceiro nível, que não podem assinar contratos se não tiverem essa graduação. Portanto, é uma das lutas, a valorização da informação", sublinhou.
Além disso, lembrou a vertente sindicalista da organização, propondo-se a dar voz aos técnicos dos escalões inferiores e da formação, que diz estarem, em diversas situações, arredados dos seus direitos laborais.
"Existe depois, um aspeto importante, a que chamo de intervenção sindical. Pugnar para que haja uma maior defesa, não em relação aos treinadores que estão a atuar na primeira e segunda divisões, que têm contratos perfeitamente regulamentados, mas em relação aos níveis inferiores e formação", constatou.
Henrique Calisto reiterou ainda a necessidade de haver uma maior democratização ao acesso à informação por parte dos treinadores, algo que pretende atingir com a implementação de uma revista trimestral.
"A ANTF também deve promover o acesso às novas tecnologias e metodologias de treino, ao que se vai pensando pelo mundo fora. Vamos tentar implementar uma revista trimestral com as novas realidades do treino e ciências envolvidas, nomeadamente através da tradução de 'papers' veiculados em línguas que os treinadores não dominam", concluiu.