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Patrícia Silva é a mais recente estrela do "clã" Silva

Patrícia Silva sempre correu com o peso da vitoriosa tradição familiar, mas hoje coloriu de bronze o seu percurso, aos 25 anos, com o terceiro lugar nos 800 metros dos Mundiais ‘indoor’ em Nanjing, na China.

Patrícia Silva sempre correu com o peso da vitoriosa tradição familiar, mas hoje coloriu de bronze o seu percurso, aos 25 anos, com o terceiro lugar nos 800 metros dos Mundiais ‘indoor’ em Nanjing, na China. A atleta chegou, na manhã de hoje, a Portugal e foi, naturalmente e precisamente, recebido por essa família que é histórica no atletismo lusitano.

Duas semanas depois de ter sido sétima nos 1.500 nos Europeus em pista curta Apeldoorn2025, a atleta do Sporting investiu nos 800 nos Mundiais e lucrou.

E foi na distância mais curta que se afirmou, hoje, ao arrebatar a medalha na reta final, superando a polaca Anna Wielgosz e a suíça Audrey Werro para subir ao seu primeiro pódio internacional, baixando ainda dos dois minutos o novo recorde nacional ‘indoor’ (1.59,80).

Nos 1.500, o apelido Silva é sinónimo de um título mundial conquistado em Lisboa2001 e três continentais em Valência1998, Viena2002 e Turim2009.

“É com orgulho que vejo que ela [Patrícia] conseguiu passar por todas as fases e chegar aqui. Já esteve nuns campeonatos do mundo, mas penso que agora está a chegar a um nível que lhe permite almejar um resultado, que era estar presente numa final, penso que estará ao alcance dela”, vincou Rui Silva, bronze nos Jogos Olímpicos Atenas2004 e nos Mundiais Helsínquia2005.

Não fosse já peso suficiente, Patrícia é também neta de Carlos Cabral, quinto nos Europeus Estugarda1980 e sexto em Milão1982, da parte da sua mãe e treinadora, Susana Silva.

“É mais um bom exemplo que tenho na família”, reconheceu Patrícia Silva, que tem um abraço à sua mãe imortalizado numa tatuagem, ilustrando o momento entre ambas após ter batido, em junho de 2023, o recorde pessoal dos 800 metros ao ar livre, fixando-o então em 02.00,07.

“Não é por ser filha do Rui Silva que consigo as minhas vitórias. É pelo esforço do meu trabalho diário e ao longo da época desportiva”, disse, em 2015, a então adolescente Patrícia Silva, numa entrevista ao jornal O Mirante.

Cumpriu a estreia internacional nos 1.500 em Apeldoorn, com o sétimo lugar, depois de já ter disputado os 800 nos Mundiais ao ar livre Budapeste2023, quedando-se pelas eliminatórias, e nos Europeus ‘indoor’ Istambul2023, com o 29.º lugar final.

Foi já como recordista nacional nas quatro voltas a uma pista curta (02.00,79 minutos, em 08 de fevereiro) que Patrícia Silva chegou ao pódio do Mundial, para se tornar na primeira portuguesa a cumprir os 800 metros em pista coberta abaixo dos dois minutos.

A chegada à final já tinha garantido o melhor resultado luso de sempre na prova, superando o oitavo lugar de Sandra Teixeira em Lisboa2001, mas a sua resiliência – apontada pela própria como a sua principal qualidade – levou-a mais alto.

Em Nanjing, viu o mote dos Mundiais e permitiu-se “sonhar”, levou a avó no verso do dorsal, em mais uma ligação umbilical à família, e ‘voou’ para uma afirmação plena como atleta que levou muitos anos – e muito trabalho – a conquistar.

Antes do Sporting, e da seleção, começou pelo Ateneu Artístico Cartaxense, passando depois pela escola de atletismo criada pelo pai, pelo Benfica e pelo GD Estreito, depois de ter experimentado natação, ginástica e ténis, como contou à Pro Runners Magazine.

A atleta natural de Vila Chã de Ourique, no concelho do Cartaxo, está agora no clube do coração, e na senda do pai e do avô, mas sempre quis definir-se nos seus próprios termos em vez de ser ‘apenas’ nova estafeta a carregar a tocha dourada da família.

Não foi há muito que acordava o pai com choros a meio da noite, em plena carreira de Rui Silva, ainda ela era uma bebé com meses de idade e já ele lhe queria mostrar que tinha “coragem”.

Na prata nos 3.000 metros dos Europeus ‘indoor’ de Gent2000, dedicou-lhe a medalha, tinha ela 10 meses.

"A minha filha nasceu em dezembro [de 1999], é muito nova e queria dedicar-lhe esta medalha. Vou guardar o filme da prova para ela ter orgulho na coragem do pai”, atirou, longe de saber que viria a celebrar pódios internacionais desse bebé.

Por concretizar está agora, depois da desilusão com a ausência de Paris2024, por centésimos, o sonho da medalha olímpica, a caminho de Los Angeles2028, mais de uma década depois da estreia internacional, no Festival Olímpico da Juventude Europeia (FOJE) de 2016.

Pai Rui Silva, mãe (e treinadora) Susana Silva e avô Carlos Cabral têm, todos, percursos positivos a representarem a seleção

Março 25, 2025 . 22:00

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