
É preciso dar sangue e melhorar as atuais condições de colheita
A dádiva de sangue é dar «uma parte de nós, que pode ser tudo, ser vida, esperança, futuro, capacidade de sonhar», disse ontem Maria Antónia Escoval, na Figueira da Foz. Na sessão de abertura da cerimónia do Dia Nacional do Dador de Sangue, este ano sob a temática "A importância da Diversidade na Dádiva de Sangue", foi prestada homenagem a todos os «altruístas» e «heróis», de dadores a técnicos e profissionais de saúde, mas também apontadas estratégias, pontos a corrigir e adaptações a um mundo em mudança.
A presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) deixou bem presente que todos os dias são necessárias cerca de 1.100 unidades para tratamento de doentes. No entanto, assinalou Maria Antónia Escoval, há uma tendência decrescente de dádivas, registando-se 300 mil dádivas anuais, de 250 mil dadores inscritos, números que são considerados insuficientes, sendo, disse, necessário promover e aumentar a consciência da sua importância. Aumentou o número de dadores, mas desceram as dádivas, constatou, ao associar o fenómeno às alterações do país, em que 24% da população tem mais de 65 anos, e há cerca de 1,1 milhão de estrangeiros com autorização de residência, entre outros aspetos. Daí «a importância da diversidade», tema das comemorações, como caminho para fidelizar e sensibilizar mais dadores, profissionais de saúde, dirigentes associativos empenhados nesta causa e jovens, defendeu, ao elogiar também a excelência dos parceiros do IPST.
Estatuto do dador "nunca foi regulamentado" ou "revisto"
Na estratégia a seguir a transição digital e a aplicação da Inteligência Artificial têm carácter de urgência. Entre outras medidas, foi desenvolvida uma aplicação, que permite agendamento e questionário online, criados manuais para os candidatos e haverá, este ano, rastreio analítico alargado. Com a publicação semanal da reserva estratégica a ter, pela primeira vez, âmbito regional, Maria Antónia Escoval identificou também a necessidade de atualização do estatuto do dador de acordo com a regulamentação europeia.
Sobre o estatuto do dador falaram também Alberto Mota, presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue, e Paulo Cardoso, presidente da Federação das Associações de Dadores de Sangue. Publicado em 2012, «nunca foi regulamentado» ou «revisto», criticaram.
Defendido aumento da idade de referência para os 70 anos
As dádivas são a base fundamental de obtenção de sangue humano para utilização terapêutica no tratamento de doentes, o que, para Alberto Mota, deveria levar o Governo a criar novos incentivos para todos os dadores de sangue, valorizando os voluntários das associações e núcleos de dadores. Num apelo à sociedade, porque são necessários mais dadores, Alberto Mota defendeu também «mais profissionais de saúde nomeadamente nos Centros de Sangue e da Transplantação (Porto, Coimbra e Lisboa)», sugerindo igualmente o alargamento ao funcionamento das Unidades Locais de Saúde no que respeita a colheitas. E ainda pontos avançados de colheita, que cheguem a toda a população.
Paulo Cardoso deixaria iguais preocupações e, entre outras sugestões, defendeu o aumento da idade de referência do dador para 70 anos (atualmente é de 65 em Portugal), como em França.