
Produção de leite “é um ato contínuo de coragem”
A produção de leite em Portugal, segundo o presidente da União de Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Mondego (Lacticoop), «é um ato contínuo de coragem».
José Marques falava nas jornadas técnicas que ontem decorreram na sede da empresa localizada no Parque Industrial da Tocha (Cantanhede) e cujo objetivo passou por debater «o futuro da produção de leite, a soberania alimentar do país e a dignidade de quem alimenta o país todos os dias».
«Reunimos praticamente todos os produtores de leite da Lacticoop, oriundos de diferentes regiões do país. Cada um com a sua realidade mas todos com desafios semelhantes e com a mesma ambição: garantir que a produção de leite em Portugal seja sustentável, respeitada e valorizada», vincou o responsável.
Ao longo de toda amanhã e início de tarde os trabalhos incidiram sobre temas como “Plano Reprodutivo numa vacaria moderna”, “Nutrição de péri-parto numa vacaria moderna”, “doenças vetoriais” e um painel sobre os produtores.
Este encontro, sublinhou José Marques, aconteceu num «momento simbólico» para a Lacticoop, que recentemente (23 de março) celebrou o seu 63.º aniversário.
«São mais de seis décadas de dedicação aos produtores de leite sempre com a missão de valorizar o seu trabalho, melhorar as condições de produção e garantir um futuro digno para esta atividade essencial», revelou.
«Hoje, 100% dos nossos produtores estão certificados em bem-estar animal. Participamos em projetos de sustentabilidade ambiental, economia circular e agricultura regenerativa. Estamos a transformar resíduos em energia e a proteger os resíduos mas, acima de tudo, estamos a proteger futuro», precisou.
Todavia, na ótica do responsável, há problemas estruturais que persistem há décadas e que precisam de ser resolvidos com «coragem política e visão estratégica», nomeadamente, «o emparcelamento agrícola, a burocracia nos processos de licenciamento e o apoio à renovação geracional».
O ministro da Agricultura e Pescas partilhou com os produtores algumas das suas preocupações, afirmando, por exemplo, «ser inaceitável que o agricultor ganhe menos 40% que outras profissões», quando a agricultura é um setor «estratégico e estruturante» para o país.
«Portugal está no bom caminho e o exemplo é que em 2024 aumentou a produção animal e aumentaram os rendimentos dos agricultores», destacou José Manuel Fernandes. O governante abordou ainda alguns dos apoios disponíveis para o setor.
Helena Teodósio, presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, recordou que o município «está a preparar um plano estratégico para esta área», que, no concelho, teve uma grande quebra nos últimos 20 anos e realçou a importância desta fileira no futuro de Portugal.