
Não há lampreia, mas Confraria convidou a apreciar peixes do rio
O auditório da Biblioteca Municipal de Penacova já esteve outrora cheio de confrades e apreciadores de lampreia, mas no XX Capítulo da Confraria foram menos os participantes. Por esta época do ano, o típico arroz de lampreia faria parte da ementa de muitos restaurantes do concelho de Penacova, mas com a escassez da espécie foi necessário retirar este prato da oferta gastronómica, entre janeiro e maio.
«É nos momentos mais difíceis que temos que de estar ao lado da confraria», defendeu Carlos Almeida, vice-presidente da Federação Portuguesa de Confrarias Gastronómicas, que fez questão de estar presente na sessão.
«Estamos aqui hoje pela defesa da lampreia», afirmou. No XX Capítulo estiveram presentes representantes de 26 confrarias de vários pontos do país.
Investigadores têm estudado soluções para preservar a espécie
Apesar de não haver lampreia, a Confraria preparou uma ementa onde não faltaram petiscos do rio, mas também pratos que demonstram as tradições mais ligadas à pecuária.
«Quero demonstrar, desde logo, o meu apreço à confraria que deu este passo na salvaguarda da lampreia que está escassa em Portugal e por toda a Europa», salientou Álvaro Coimbra, presidente da Câmara Municipal de Penacova.
Quanto aos fatores que têm contribuído para a queda do número de lampreias no rio Mondego, os investigadores apontam as alterações climáticas, a sobrepesca, a pesca ilegal e os obstáculos presentes no rio que prejudicam a subida da lampreia para desovar.
«A boa notícia é que existem soluções para este problema, mas temos que trabalhar nelas», realçou Catarina Mateus, investigadora na Universidade de Évora e no MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente).
A investigadora foi a convidada para a Lição de Sapiência do XX Capítulo sob o tema “Lampreia-marinha: desafios e próximos passos para a sua recuperação”.
«Já houve dragagens no rio Mondego e ninguém nos chamou para avaliar se seriam locais de desova das lampreias», confessou Catarina Mateus. Sobre a implementação de um novo projeto - Life4Lamprey - os investigadores esperam se seja «um passo para a preservação da espécie».
Não houve lampreia, mas o almoço foi servido com peixinhos do rio fritos e chispe (pé de porco) assado no forno.
Depois da cerimónia no auditório da biblioteca, decorreu um almoço na Quinta de Vale Pousado, na Aveleira.
Da parte da manhã, realizou-se ainda um desfile pelas ruas de Penacova.