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Contra o desperdício de votos

Abril 11, 2025 . 10:45
Dependerá de nós não termos de voltar a eleições em janeiro. Não inventemos nem desperdicemos votos

E cá vamos em mais uma campanha eleitoral, e umas eleições que nos darão um governo a prazo. A não ser que os eleitores nos surpreendam com o milagre da maioria absoluta ao governo, não teremos uma maioria estável na governação. Milagre? Não sendo provável, não é impossível. António Costa surgia em segundo nas sondagens, em janeiro de 2022, e ganhou a maioria absoluta. Bem, sem esse cenário, o mais provável é regressarmos às urnas em janeiro de 2027, depois do provável chumbo do orçamento de 2027 a um governo minoritário, com o Presidente eleito a dissolver a Assembleia da República, depois de constitucionalmente ganhar esse poder.
O advento do Chega como força política relevante, com quem ninguém se deseja coligar ou buscar apoio, e afastado o cenário de empastelamento num bloco central, entre as duas alternativas de poder, que faria crescer as margens populistas, este é o novo cenário.
E assim as eleições irão disputar--se entre as duas únicas opções de governação. Tudo o resto serão fantasias, sonhos românticos, ou movidos a ódios e invejas, que pouco ajudam a dar um governo estável a Portugal. É esta dispersão de votos que tem empurrado o nosso país para esta instabilidade.
De um lado a AD a querer rentabilizar o seu governo, e os 11 meses em que quis resolver problemas e governar com alguma popularidade entre os vários setores, sabendo que, como governo minoritário, a sua queda era uma ameaça bem real, como se verificou. Tentou mostrar competência, decisão e fiabilidade. Do outro lado um PS que se quer reinventar. Esquecer que esteve a governar 8 dos últimos 9 anos, para poder acusar o governo do mau estado dos serviços públicos e do Estado em geral e apresentar propostas que teve oportunidade de executar, mas agora é que vai ser. É legitimo que o faça, poucas mais alternativas lhe restariam. E, num processo que parece estar a dar resultados, recauchutar o seu líder como moderado, os votos estão ao centro, escondendo o seu desejo de ver os banqueiros, e os privados em geral, com as pernas a tremer. O Chega irá bater os zangados e descontentes, maximizando o tema da corrupção, virgem na governação e por isso baluarte nessa luta contra corruptos e ladrões, de malas e não só. E, numa versão necrófaga, explorando temas complexos de crime, imigração, assistencialismo e wokismo, alguns em resolução reformista, uns exagerados, outros a necessitar atenção.
E dia 18 de maio lá estaremos todos, nesta lei eleitoral imperfeitas, nestes círculos eleitorais, último vestígio dos distritos, a votar em listas e promovendo o bipartidarismo. Enquanto se mantiver este sistema eleitoral anacrónico, há pouca escolha. Só 3 conseguem eleger fora dos grandes centros e um deles é só zangado, sem competência nem quadros para a governação. Os outros dois, estiveram recentemente no governo, mostraram do que são capazes, das promessas que cumpriram e o estilo de governação. Mais promessa, menos promessa, mais ou menos assertividade no programa, seria bom um eles ter uma maioria clara para governar. Dependerá de nós não termos de voltar a eleições em janeiro. Não inventemos nem desperdicemos votos.

Enquanto se mantiver este sistema eleitoral anacrónico, há pouca escolha. Só 3 conseguem eleger fora dos grandes centros e um deles é só zangado, sem competência nem quadros para a governação

Abril 11, 2025 . 10:45

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