
Acidente provoca dois “mortos” e quatro “feridos graves”
O embate violento aconteceu às 10h05 em plena Avenida 25 de Abril, no centro da Mealhada. Um ligeiro de passageiros enfaixou-se na frente de um autocarro e, nas traseiras, uma segunda viatura embateu no pesado de passageiros, com 20 pessoas a bordo, ficando semicapotado. Foi com este cenário dantesco que se deparou a primeira equipa, constituída por uma ambulância dos Bombeiros da Mealhada, que escassos dois minutos depois chegava ao local. Um acidente grave, com várias vítimas encarceradas, que mobilizou um total de 112 operacionais e duas dezenas de viaturas e cujo balanço final se cifrou em dois mortos, quatro feridos graves, oito com menor grau de gravidade e oito feridos ligeiros.
Poderia ter acontecido, pois, como afirmou Nuno Canilho, presidente da Direção dos Bombeiros, «não é uma situação anormal». A prova, disse, foi o acidente registado na semana passada, no Cartaxo, ou, há dois anos, na autoestrada do norte. Todavia, ontem o que aconteceu foi um simulacro, um teste à operacionalidade e articulação de meios de socorro, denominado “Start 25”.
Um cenário «complexo», que bloqueou por completo a Avenida 25 de Abril durante toda a manhã e levou ao local uma significativa moldura humana, convidada pelos bombeiros a assistir ao exercício, que envolveu as mais diversas técnicas. O segundo comandante, José Duarte, foi, passo a passo, fazendo o relato do que estava a acontecer, explicando as diferentes manobras, o que conferiu ao simulacro uma «vertente pedagógica» inovadora.
Rui Oliveira foi um dos muitos que assistiu, atento, ao desenrolar dos acontecimentos e elogiou a iniciativa. «É bom para preparar os profissionais para as situações reais», disse. «O saber não ocupa lugar», acrescentou. Sérgio Pereira partilha da mesma opinião. «É importante os bombeiros estarem bem treinados para as situações reais» e, com estes testes, «têm oportunidade de corrigir coisas que possam estar bem menos bem». Elogiou, também, as explicações que acompanharam o exercício, «importantes para as pessoas perceberem».
Feita a avaliação da situação, o comandante operacional gizou a estratégia de intervenção e os meios humanos e materiais foram chegando ao terreno. Cada equipa tem a sua função. E para os leigos fica o esclarecimento de que, apesar de haver encarcerados, a primeira exigência é a segurança, de vítimas e operacionais, o que impõe a estabilização das viaturas, antes de qualquer “extração”.
Nada havia a fazer relativamente ao motorista do autocarro, o mesmo acontecendo com o condutor de um dos ligeiros, projetado para o “capot”. Quando ao segundo condutor, ficou encarcerado dentro da viatura, que deu meia cambalhota e ficou numa perigosa posição vertical. Uma das equipas de desencarceramento concentrou-se no resgate do condutor, um ferido grave, que imediatamente foi entregue aos cuidados da equipa de emergência, que fez uma primeira avaliação. A segunda coube à equipa do posto médico avançado, instalado numa tenda da Cruz Vermelha de Maiorca, que definia o encaminhamento dos feridos para os hospitais.
Já com o autocarro seguro, as equipas começaram a entrar na viatura e a resgatar as vítimas. 19 feridos, três dos quais graves, que os operacionais procuravam, também, acalmar. Um foco de incêndio surgiu na parte da frente do autocarro, mas os operacionais estavam posicionados e depressa resolver a situação.
Participaram na operação, além dos Bombeiros da Mealhada, as corporações de Pampilhosa, Mortágua, Brasfemes, Sapadores e Voluntários de Coimbra, Cantanhede, Serviços Municipais de Proteção Civil, Cruz Vermelha, GNR e Escuteiros da Mealhada e da Região de Coimbra.
Simulacro com funções pedagógicas
Bombeiros convidaram população a assistir ao exercício, que foi explicado passo a passo pelo segundo comandante. Uma forma inovadora de esclarecer e informar os munícipes relativamente às operações de socorro.