Forno de Alveite Grande voltou a cozer cal mais de 60 anos depois
O forno da cal de Alveite Grande, na freguesia de São Miguel de Poiares, foi acendido na passada sexta-feira pelo mestre Lino de Oliveira, mais de 60 anos passados desde a última vez que tinha funcionado. Um grupo de cerca de 20 voluntários, organizados por turnos, manteve-o aceso por 33 horas, alimentando continuamente a fornalha. E no sábado, pelas 17h00, assistiu-se ao momento alto: começaram a sair chamas pelos pequenos orifícios em torno da cúpula do forno, sinal de que a cal estaria cozida. A segunda fase da iniciativa “Da pedra à cal - cozedura artesanal da cal”, organizada pela Junta de Freguesia, com o apoio do Município de Poiares, decorreu este fim de semana com o propósito de recuperar a memória de uma atividade identitária da localidade, de preservar o saber-fazer e valorizar o território, conforme noticiou o jornal Trevim.
Comunidade local e técnicos vindos de diferentes pontos do país participaram no evento inédito em que, à semelhança do que acontecia há décadas, se cozeu pedra para fazer cal. A primeira fase do evento, realizada em outubro, tinha já incluído a caminhada “Da pedreira ao forno da cal”, com o processo de colocação da pedra no interior do forno.
Uma exposição sobre a cal, uma oficina de argamassas, uma oficina de caiação, o visionamento de vídeos alusivos ao tema e uma palestra do arqueólogo Fernando Ricardo Silva, mentor do projeto de investigação para o estudo dos fornos da cal, que deu a conhecer o levantamento destas estruturas em Portugal e a sua história, foram atividades desenvolvidas no fim de semana.
No sábado, os “Testemunhos de Cal” reuniram pessoas que trabalharam em pedreiras de fornos ou seus descendentes numa partilha de memórias e também do interesses das novas gerações na preservação deste património.