Adelina celebra 100 anos de “uma vida muito feliz”
Tenho tido uma vida muito feliz». As palavras de Adelina Augusta Raposo, ao chegar aos 100 anos, espelham na perfeição um século, que começou a 6 de novembro de 1924 na aldeia de Escarigo, em Figueira de Castelo Rodrigo.
Foi nessa aldeia raiana que Adelina, a mais velha de nove irmãos, sempre foi o braço direito da família. «Criada pela avó», trabalhava, diariamente, na agricultura nos campos do pai, mas nem por isso deixou de ir à escola, tal como todos os irmãos.
«Fiz a 3.ª classe», conta ao Diário de Coimbra numa conversa que decorreu na sala de estar da casa da única filha, Alexandrina, momentos antes do almoço de aniversário. Ao seu lado, o amor da sua vida, Francisco - que, em abril, celebra 99 anos -, com quem casou quando tinha 24.
Natural de uma aldeia vizinha, Francisco foi militar da Guarda Nacional Republicana (GNR). Já depois de casados, o casal residiu em Lisboa, mas já lá vão cerca de 70 anos que Adelina e Francisco residem em Coimbra. Mas, foi por terras de Figueira de Castelo Rodrigo que haveria de nascer a filha. «Fomos passar férias à aldeia e, ocasionalmente, nasceu lá», recorda Adelina, viajando até 1953.
É na Rua Luís de Camões, nos Olivais, que residem, com a cuidadora Graça Franco. “Senhora” de uma saúde sem queixas de maior, com a idade, surgiram problemas de audição. A memória está bem fresca, para alegria de quem acompanha a ternura da Adelina e do Francisco. «Sempre fui muito feliz com o meu marido. Sempre me estimou», adianta perante os olhares de Alexandrina e Graça.
A cama quem a faz, praticamente, todos os dias é Adelina e algumas peças de roupa lava--as à mão no tanque. «O resto vai na máquina», frisa.
Dos nove irmãos, três já faleceram, conta. A mais nova, hoje em dia já reformada da profissão de enfermeira, quem a criou foi Adelina.
Quando casou e acompanhou o marido, a irmã mais nova foi consigo. Cuidou dela como filha e sempre se mantiveram próximas.
Na família mais próxima, são já três os Franciscos. Ao avô, seguiu-se o neto (filho de Alexandrina) e, depois o bisneto.
«A avô é a paixão deles», conta Alexandrina, com emoção de quem vê chegar a mãe aos 100 anos, na companhia do pai, também ele quase centenário.
Ontem foi dia de festa, ao almoço na casa da filha, em Santa Clara, com a família mais chegada e, hoje, a celebração alarga-se a mais familiares e amigos que se vão reunir para cantar os parabéns à doce Adelina.