Moradores em Montes Claros “sofrem” para depositar o lixo
Depois de obras da Águas de Coimbra, os moradores da Rua Afonso Castelo Branco, muitos de idade avançada, receiam que, as que agora se seguem, de requalificação, retirem os contentores de lixo do meio da artéria. Sendo bastante inclinada, subir ou descer, se os contentores ficarem apenas nas extremidades, será, dizem, muito penoso e provavelmente impraticável.
A empresa municipal Águas de Coimbra esteve alguns meses a resolver problemas ao nível de infraestruturas, deslocando os contentores, o que deixou aos residentes uma ideia do que os pode esperar, tanto aos da rua como da travessa ali existente.
Maria Leonor Correia, de 84 anos, e o marido, Jorge Correia, de 87 anos, viveram muitas dificuldades enquanto duraram as obras, mas reconhecem que os trabalhadores das Águas foram «excecionais», nomeadamente ao deixarem que levassem o carro (a senhora tem uma deficiência motora) até perto de casa. Levar o lixo até ao extremo da artéria, ao cimo, no entroncamento com a Rua António José de Almeida, foi uma dificuldade.
Igual opinião tem Odete Costa, cega de um olho e doente oncológica, que vive sensivelmente a meio da rua. Às dificuldades de circulação sentidas até chegar ao contentor acrescenta outra: tinha de voltar atrás para lavar as mãos, porque o recipiente estava sempre muito sujo. Se a solução for deixar contentores nos extremos da rua não sabe o que irá fazer, porque já é muito difícil agora. A solução, defende, seria manterem os contentores pequenos a meio da artéria e usarem carros de recolha mais pequenos, como há em outros espaços da cidade.
Em resposta a uma solicitação de informações, a Câmara explicou que o arruamento tinha ainda alguns contentores de 110 litros, apesar de na zona não haver este tipo de contentorização em mais nenhum local. «Frequentemente, por se tratar de uma rua muito apertada e com viaturas aparcadas», os veículos de recolha «viam-se impedidos de circular, exigindo que os funcionários tivessem que carregar os contentores manualmente até à viatura».
O arruamento, com uma extensão de 120 metros, tem contentores de 800 litros em cada uma das extremidades, «ficando salvaguardada a questão da acessibilidade», até porque a rua, devido às obras, esteve intransitável. De resto, acrescenta a autarquia, tem sido alterada a contentorização de 110 litros para 800 litros, «de modo a facilitar o processo de recolha, minimizar as paragens da viatura e "poupar" a saúde dos colaboradores municipais, cuja idade média é bastante avançada».
Removidos os contentores mais pequenos, a autarquia adianta que está disponível para «revisitar a zona e reanalisar a decisão». Terá no entanto de ser considerada a disponibilidade de viaturas para efetivar a recolha de volumes mais pequenos e as dificuldades frequentemente criadas pela ocupação da via pelo parqueamento automóvel.
A União de Freguesias (UF) de Coimbra inseriu a requalificação da Rua Afonso Castelo Branco no contrato interadministrativo de delegação e competências. Luís Bonito, outro residente local preocupado com a questão dos contentores, contactou a UF, cujo presidente, João Francisco Campos, demonstrou sensibilidade face aos problemas expostos. Nesse sentido, João Francisco Campos deslocou-se na última sexta-feira ao local acompanhado de técnicos municipais, das áreas do trânsito e do ambiente, para análise de possíveis soluções.|