Dar sangue é (mesmo) salvar vidas
Pode parecer um cliché mas o que é facto é que a expressão “Dar sangue, salva vidas”, é mesmo uma grande verdade. O sangue doado hoje pode ser imprescindível amanhã. Por isso, e para ter sempre a quantidade necessária sob reserva, é preciso que quem possa ser dador (ver caixa) não hesite e vá dar sangue.
Porque também nunca é demasiado lembrar as pessoas que podem dar sangue, o Serviço de Sangue e Medicina Transfusional da ULS de Coimbra assinalou 80 anos do seu Centro de Transfusões com uma recolha aberta a todos, no hall do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. E a adesão foi elevada. Uns porque fazem do dar sangue uma rotina, e ali apenas a cumpriram, outros porque já o queriam ter feito mas nunca tinha acontecido e outros ainda porque queriam voltar a fazê-lo e esta foi a oportunidade perfeita.
Ângela Nascimento voltou, alguns anos depois, a dar sangue. Aos 40 anos e já mãe de dois filhos, voltou a reunir as condições para a dádiva e não hesitou. «Fui dadora há muitos anos e hoje regressei. Esta é a minha prenda de Natal de mim para mim», afirmou. Ciente que era preferível que ninguém precisasse do sangue dos outros, Ângela reconheceu que se o sangue que é doado salvar uma vida «então dar sangue é a melhor coisa que se pode fazer». O sangue, que ali deu naquele dia, ou melhor, a prenda de Natal que decidiu dar a si própria ficou reservado com a certeza que «irá ajudar quem mais possa precisar dele».
Ângela veio provar que é possível contrariar a diminuição do número de dádivas um pouco por todo o mundo, voltando a retomar um (bom) hábito antigo.
Diminuição de dádivas
Jorge Tomaz, diretor do Serviço de Sangue e Medicina Transfusional da ULS Coimbra, lembrou a «previsível diminuição das dádivas de sangue a que se assiste a nível nacional e internacional» e, embora ainda não tenha a «repercussão grave» registada em outras instituições hospitalares, obriga «a desencadear permanentemente e de modo sustentado atividades de sensibilização dos cidadãos para esta causa».
Orgulhoso pelos 80 anos que o serviço assinalou, Jorge Tomaz recordou que ali se dá resposta a várias instituições e, no caso concreto do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que tem um serviço de urgência e centro de trauma, tem de haver sempre stock. Até porque, como sublinhou o clínico, «não é o doente que aguarda pelo sangue mas sim o sangue que aguarda pelo doente».
Dar sangue é um simples gesto mas «muito altruísta», como disse Jorge Tomaz. E falando em altruísmo, atrevemo-nos a escrever que na região Centro há muitas pessoas que o são, pois os números de dadores diminuíram pouco em Coimbra e os objetivos de dádivas têm sido atingidos.