Morreu Sam Moore, cantor que marcou a 'soul music'
Sam Moore, cantor sobrevivente da dupla Sam & Dave que marcou a música soul nos anos 1960, morreu na sexta-feira, aos 89 anos, em Coral Gables, Florida, anunciou a família, citada pelo The New York Times. Segundo a mulher e agente do músico, Joyce Moore, a voz que marcou sucessos como "Soul Man" e "Hold On, I'm Comin'" morreu na sequência de uma cirurgia.
Sam Moore nasceu em 12 de outubro de 1935, em Miami, e começou a cantar na igreja, ainda menino. O seu percurso profissional remonta à década de 1950, com as primeiras atuações em clubes de soul e 'rhythm'n blues', à semelhança de Dave Prater (1937-1988), mas os dois cantores só se conheceram em 1961, no clube King of Hearts, na cidade natal de Moore, numa noite aberta a músicos em início de carreira.
O New York Times recorda hoje que Sam & Dave acabaram juntos por acaso, a partir do momento em que Moore se juntou a Prater em palco, quando este se esqueceu da letra de uma canção. "A ligação da dupla ao público aconteceu de imediato", escreve o jornal norte-americano. A partir desse momento, as atuações ao vivo de Sam & Dave ganharam público e fama. "Eram tão agitados e ousados", que ficaram conhecidos pela Dupla Dinamite. Segundo o New York Times, "até um artista carismático como Otis Redding hesitava em atuar depois deles, por temer ser ofuscado".
O duo Sam & Dave terminou em 1970, e a separação foi seguida de alguns conflitos entre ambos, sobretudo quando Prater tentou, sem sucesso, relançar um New Sam & Dave, com outro cantor. A dupla original impôs-se no entanto com o regresso de “Soul Man” às tabelas de vendas no final da década, quando John Belushi e Dan Aykroyd retomaram a canção no filme “Blues Brothers” ("O Dueto da Corda"), de John Landis.
Nas décadas seguintes, Sam Moore manteve-se ligado ao meio musical, tendo trabalhado com Bruce Springsteen, que considerava um dos seus amigos mais próximos. Atuaram juntos e partilharam o tema “Real World”. Springsteen foi um dos primeiros a reagir à morte de Sam Moore: "Na E Street, estamos de coração partido ao saber da morte de uma das maiores vozes da soul dos Estados Unidos". Para Springsteen, Sam Moore era uma referência "dos dias felizes da soul" que manteve, "até ao fim, aquele toque de profunda autenticidade na voz".
Em 1993, Moore esteve entre vários artistas que apresentaram ações judiciais contra as grandes editoras, alegando que tinham sido enganados quanto aos direitos. O músico disse então à Associated Press que se juntou à iniciativa depois de saber que, apesar de os seus discos venderem milhões, a sua pensão se limitava a um total de 2.285 dólares, que podia receber de uma só vez ou em prestações de 73 dólares mensais. “Dois mil dólares pela minha vida?”, interrogou-se então. “Se [a indústria musical] está a lucrar comigo, que partilhe um pouco também. Não me dê côdeas a dizer que são biscoitos.”