Falar a verdade
O verniz barato não tem qualidade, dura algum tempo, brilha se for ao longe, quiçá, confunde-se com as marcas que dominam o mercado. Nas feiras e romarias há candonga, ou seja, vendedores da banha da cobra, especialistas em trocar os olhos aos clientes. Mesmo assim, o nosso impulso consumista é desafiado, o primado da prudência cede, muitas vezes, ao impulso da novidade que se afirma pela cor, a oratória ou, ainda, à irracionalidade de mudança. O tempo ajuda a esculpir as pontas, é um escultor exigente que desafia os que sabem mentir. Aos poucos as bainhas começam a rebentar, os botões soltam-se, o tom deixa de ser o que era, enfim, pressente-se a decrepitude da escolha.
Esta temática atravessa a Ética e pressupõe uma linguagem clarificadora para que as circunstâncias não justifiquem as más escolhas de cada um. E se refiro a Ética, é porque ela deve estar antes, durante e depois de tomarmos qualquer decisão. Para que se perceba um pouco melhor, entenda-se a “Ética como a investigação geral sobre o que é o bem”, na opinião de G. E. Moore (1873 -1958). Se olharmos as ruas de Coimbra, a nossa perceção visual é suficiente para concluir que há uma parte muito significativa que não está a ser feita para o bem dos que vivem na cidade.
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