
Vida marinha pode levar décadas a recuperar de mineração em mar profundo
Publicada na revista científica Nature, a investigação indicou que o local de um teste de extração mineira em águas profundas, feito em 1979 no Pacífico norte, ainda tinha níveis mais baixos de biodiversidade do que os outros locais vizinhos que não foram então perturbados.
O estudo foi feito em 2023 e 2024 no local do teste, a 5.000 metros abaixo da superfície do mar, na zona de Clarion-Clipperton, situada sensivelmente a meio caminho entre o México e o Havai, uma região vasta e plana conhecida como “planície abissal”.
Foi conduzido por cientistas do Centro Nacional de Oceanografia de Southampton, no âmbito de um consórcio que inclui diversas instituições do Reino Unido que fazem parte do “Seabed Mining and Resilience to Experimental Impact” (SMARTEX), um projeto de investigação financiado pelo “Natural Environment Research Council” do Reino Unido para determinar o impacto no Pacífico central da mineração no fundo do mar.
Mark Hartl, biólogo marinho e coautor da investigação, explicou que os depósitos no fundo do mar conhecidos como nódulos contém metais raros como cobalto e níquel, que são usados nomeadamente nos carros elétricos, e avisou que esses nódulos produzem oxigénio pelo que não se sabe se os organismos que vivem nos locais são afetados com a remoção.
Estima-se que mais de 21 mil milhões de toneladas de nódulos se encontrem no fundo do mar da zona Clarion-Clipperton, que se estende por mais de seis milhões de quilómetros quadrados.
Estes campos de nódulos sustentam “comunidades animais e microbianas altamente especializadas”, dizem os investigadores, exemplificando com organismos com conchas calcárias, pepinos-do-mar, peixes e espécies que dependem dos nódulos como única superfície dura onde se instalam.