“Caso das gémeas tem uma fortíssima dimensão política”
O mercado do medicamento tem vindo a ser confrontado com fármacos que podem chegar aos três milhões de euros, colocando em causa a sustentabilidade dos sistemas públicos e privados de financiamento do medicamento. A presidente do CNECV participa amanhã, em Coimbra, no seminário “Medicamentos de Alto Custo”, organizado pelo Centro de Direito Biomédico em parceria com o Instituto Jurídico da Universidade de Coimbra e com o apoio da Ordem dos Farmacêuticos. Ao nosso jornal sublinha a necessidade de transparência.
Diário de Coimbra – Têm surgido medicamentos no mercado a custar três milhões de euros. Falar de acesso e de racionalização em saúde é falar de um dilema?
Maria do Céu Patrão Neves - Quando falamos de medicamentos de alto custo e, de uma forma ainda mais ampla, de inovação terapêutica e inovação na saúde, estamos imediatamente no âmago de um grande dilema. Os custos muitíssimo elevados obrigam-nos a questionar, quem vai ter acesso, sob que critérios, quanto se investe em inovação e quanto se investe noutras áreas, como por exemplo os cuidados de saúde primários. Estamos no âmago de um problema quando falamos da introdução de inovação em saúde. Simultaneamente, percebemos que não podemos deixar de investir em inovação, porque isso seria já um problema ético. Se há possibilidade de investir em medicamentos que criam novas possibilidades de cura ou de bem-estar para pessoas doentes, não investir seria falhar a uma obrigação. Não investir não é uma alternativa. E investir em inovação coloca-nos problemas, de facto, bastante graves que têm a ver com a gestão do orçamento e sobretudo com os critérios de distribuição do que cientifico-tecnologicamente vai sendo possível realizar no domínio da saúde.
(Leia entrevista na edição de amanhã do Diário de Coimbra)
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