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Maria José aos 100 anos está a escrever o seu centenário


Quarta, 05 de Junho de 2024

Há vidas que davam um livro, repleto de recordações, de pensamentos, alguns críticos, outros mais filosóficos, de viagens e de muita cultura. Assim tem sido a vida de Maria José Albuquerque Amaral Figueiredo que celebra hoje o seu centésimo aniversário.
Nasceu em Nelas, onde cresceu até à idade da adolescência para depois se mudar para Coimbra com a família. Foi pela terra dos estudantes que se formou em História e Filosofia e depois de andar a “saltitar” pelo país devido à sua vida profissional enquanto professora, só voltou à cidade dos estudantes em 1972.
«Andei por Nelas, Castelo Branco, Alcobaça, Torres Vedras», começou por contar. Foi nesta última localidade que viveu mais anos, uma vez que o marido fundou a Escola Industrial e Comercial de Torres Vedras. «Depois vim para a Brotero e aqui efetivei e reformei-me aos 67 anos», contou Maria José. «Eu fui sempre uma espécie de tapa-furos para tudo», confessou, num tom que manteve sempre muito bem disposto durante a conversa com o Diário de Coimbra.
Apesar da saúde física não permitir que saia de casa, é nos livros e na escrita que vai ocupando o tempo. «Como é que uma pessoa passa o dia aqui em casa? A escrever, a ler, a fazer palavras cruzadas», confessou. Nos últimos tempos tem dedicado parte do seu dia a escrever anuários da sua vida e, mais recentemente, começou a escrever o seu centenário. «Está a sair, mas ainda não encontrei bem o fio condutor da narrativa», admitiu.
A visão de 100 anos não lhe falha e os netos contam ao nosso jornal que lhes pede com alguma frequência que lhe levem livros.
Colecionadora de leques, dedais e conchas, Maria José pertenceu ao Movimento Artístico de Coimbra (MAC). «Organizávamos exposições com pintores de domingo, não eram profissionais, mas também tinham direito a expor», disse.
Como cidadã cultural que sempre foi, a Casa da Escrita era um dos locais prediletos para aprender e usufruir dos eventos culturais da cidade e não esquece os tempos em que pertenceu à Liga dos Amigos das Tabernas Antigas (LATA) com quem percorria as tascas e tasquinhas de Coimbra.

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