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Base do INEM em Coimbra esteve um mês sem operar


Terça, 02 de Julho de 2024

O que se passa em Coimbra em termos de dificuldades operacionais no Instituto Nacional de Emergência Médica é transversal ao país. Mas depois de ser sido necessário vir uma ambulância de Condeixa a um acidente em Coimbra (de que resultaria uma morte), ficaram muitas interrogações.
De acordo com o INEM, pelas 19h30 do dia 25 de junho, altura em que o motociclista Patrick Silva, de 36 anos, teve um acidente fatal na zona do Areeiro, foi acionada a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Centro Hospitalar de Coimbra, «ainda no decorrer da triagem telefónica», não havendo portanto atrasos no socorro e na assistência.
Na questão do transporte para unidade hospitalar, com cuidados de emergência, já foi necessário recorrer a Condeixa, «o único meio de socorro disponível e o mais próximo», porque, explicou a mesma fonte, «as ambulâncias do INEM em Coimbra encontravam-se ocupadas noutras missões de emergência médica que ocorriam em simultâneo», assim como as ambulâncias dos Postos de Emergência Médica do INEM dos Bombeiros Voluntários de Coimbra e Cruz Vermelha Portuguesa de Coimbra.
Em Coimbra há três bases do INEM. Na distribuição geográfica de meios a Direção Nacional definiu que a cidade deveria ter, segundo dados facilitados pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), 25 Ambulâncias de Emergência Médica (AEM), mas só há 19 a funcionar. A base Coimbra 1 tem nove em 10, Coimbra 2 tem as 10 que foram definidas, mas Coimbra 3, que surge dotada com cinco AEM, não tem nenhuma a funcionar. Nos Motociclos de Emergência Médica há três meios disponíveis na cidade, mas estão definidos cinco.
A falha nem terá nada a ver com «ambulâncias a cair aos bocados, algumas com 700 e 800 mil quilómetros», mas sim com a «falta de recursos humanos». Para Rui Lázaro, do STEPH, esse é o grande problema, com reflexos no socorro e na operacionalidade.
Para se ter uma ideia, em todo o tempo operacional deste último mês de junho, adianta o sindicato, Coimbra 1 esteve inoperacional 31%, Coimbra 2 andou pelos 27% e Coimbra 3, pela razão apontada, esteve 100% inoperacional.
«Faltam técnicos, a carreira não é aliciante e o INEM trata mal os funcionários», diz Rui Lázaro, ao explicar que nos dois últimos concursos não entraram elementos suficientes para suprir 25% das necessidades do Instituto. A pouca atratividade tem levado ao aumento da idade média dos técnicos, cada vez menos na casa dos 20 anos, e consequentemente à menor disponibilidade para turnos extraordinários.

Gestão “absurda”
Nesta questão de turnos extraordinários, Rui Lázaro entende que impedir que os técnicos do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM não façam ambulância é «um absurdo, uma gestão danosa» de um meio essencial à comunidade. Ou melhor, podem fazer um turno extra nas ambulâncias mas só depois de fazerem um turno extra no CODU. «Preferem deixar as ambulâncias inoperacionais, é absurdo», reforça, sabendo que isso está a acontecer na Delegação Regional do Centro. Os técnicos do CODU, ao disponibilizarem-se para trabalhar nas ambulâncias no seu tempo livre, procuram «superar o desgaste do CODU, fazer um trabalho diferente», acentua, ao deixar perceber que nas condições impostas muitos não vão.|

Défice de meios no Centro do país
Em Coimbra faltam seis ambulâncias e dois meios motorizados, cenário que se repete na área do Centro. Em Viseu faltam 13, em Anadia cinco, na Covilhã também cinco, Aveiro (quatro), Leiria (três), Fundão (três) e Figueira da Foz (duas). No total, identifica o STEPH, faltam 43 meios na área da Delegação Regional do Centro.
No tempo inoperacional de junho, Covilhã chegou a 67%, Anadia aos 61%, Aveiro 46%, Leiria 34%, Fundão 27% e Figueira da Foz 20%. Viseu, que tal como Coimbra tem três bases, teve uma inoperacional a 100%, outra com 44% e a terceira
com 10%.|

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