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Estudo da UC ajuda a compreender efeitos visuais dos psicadélicos


Quinta, 18 de Julho de 2024

Um estudo liderado pela Universidade de Coimbra (UC) revelou um mecanismo que pode ajudar a explicar alguns dos fenómenos associados aos efeitos visuais dos psicadélicos, foi hoje anunciado.


O estudo descobriu “um mecanismo de alteração da resolução da visão central e periférica, que explica vários fenómenos visuais como a visão em túnel (que implica a perda de visão periférica)”, refere a UC, em comunicado enviado hoje à agência Lusa.


Este é mais um passo para a compreensão dos efeitos de psicadélicos no ser humano, em particular os impactos no campo visual, salienta a UC.


O estudo foi divulgado no artigo científico “Rapid effects of tryptamine psychedelics on perceptual distortions and early visual cortical population receptive fields”, publicado recentemente numa das revistas de maior renome da área da imagem cerebral, a NeuroImage.


A equipa de investigação liderada por Miguel Castelo-Branco, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) e coordenador científico do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da UC, estudou a ação da dimetiltriptamina (de forma inalada, com ação breve), conhecida como DMT, em diversos participantes.


A DMT é uma substância psicadélica natural que simula os efeitos de um neurotransmissor cerebral, a serotonina (que regula o humor, a sensibilidade sensorial, o sono, o apetite, a sexualidade, a resposta ao stress, a memória e outras funções cognitivas).


Na alteração da perceção que os cientistas identificaram, “o centro do campo visual pode aparecer como definido de forma muito precisa e a periferia de forma obscura e difusa”, explica Miguel Castelo-Branco.


É como se “as pessoas com ação deste psicadélico tivessem ‘pixels’ maiores no cérebro visual, o que diminui a resolução, que gera, por exemplo, distorção de objetos, sobretudo na periferia”, acrescenta.

Colaboraram também no artigo as investigadoras Marta Teixeira e Carla Soares (CIBIT e ICNAS), Gisela Lima (ICNAS, FMUC e Universidade de Maastricht), Célia Cabral (Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia, Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra, FMUC e Centro de Ecologia Funcional do Departamento de Ciências da Vida da UC) e Patrícia Rijo (Instituto de Investigação do Medicamento - Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e Centro de Investigação em Biociências e Tecnologias da Saúde e da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias).




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