Carlos de Jesus Garcia, uma das referências do associativismo e da preservação da cultura e das tradições da região de Cantanhede, morreu ontem à tarde, aos 91 anos, depois de se ter sentido mal e ser transportado ao hospital. Por altura da Expofacic, o fundador do Museu Rural e Etnográfico dos Esticadinhos esteve no stand-estúdio do Diário de Coimbra numa conversa dedicada ao folclore do concelho, em que confessou que, pela primeira vez, estava a faltar a uma atuação do grupo.
Carinhosamente tratado por Ti Carlos Garcia, integrou durante mais de quatro décadas o Rancho Regional Os Esticadinhos de Cantanhede, como diretor, músico e encenador. Coletividade que lamenta esta partida «tão inesperada e repentina» que não deu «oportunidade de lhe dizer um último adeus». Foi também o fundador e grande dinamizados do Museu Rural e Etnográfico dos Esticadinhos, em Cantanhede, terra onde nasceu em 1932.Também a Câmara Municipal de Cantanhede emitiu uma nota de pesar, há minutos. «O Município de Cantanhede partilha o sentimento de enorme consternação pelo falecimento de Carlos Garcia, empresário, dirigente associativo, escritor e um acérrimo defensor e promotor dos costumes e tradições locais», lê-se.
“Era uma pessoa consensual em relação àquilo que melhor o caracterizava: o humanismo, a cortesia, o respeito pelos outros, o imenso saber, a extraordinária dedicação à comunidade, a postura serena, mas determinada com que defendia as causas em que acreditava”, recorda a presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio, que destaca “um percurso a vários títulos exemplar, marcado por um imenso respeito pelas raízes e por uma assinalável capacidade de reconstruir e interpretar alguns dos fatores da identidade local”.
Desde os 12 anos até à reforma, aos 68 anos, exerceu a profissão de carpinteiro/marceneiro, tendo-se distinguido como empresário nessa área.
Carlos Garcia nunca desistiu de seguir os seus intentos – transmitir os seus conhecimentos, fruto das vivências pessoais e da experiência, através da escrita.
Carlos Garcia foi colaborador da Rádio Conhecer para Viver e da Rádio Gândara Terra Ridente, estive ligados ao Clube de Futebol Os Marialvas e também à secção de Teatro da Sociedade Columbófila de Cantanhede. Publicou várias obras, sempre com a preocupação de preservar as tradições e a cultura da região, das quais se destacam “Manta de Retalhos”, “Memórias para o Futuro”, “Caminhos da Vida” e “Rancho Regional Os Esticadinhos – 75 anos ao Serviço da Cultura”. Lançou, ainda, um documentário sobre a Romaria de Nossa Senhora de Vagos.
